sábado, 26 de maio de 2007

O porquinho


Tinhamos naquela época 11 disciplinas na 1ª série ginasial, Latim era uma delas.
A aula começava cedinho e todos sabíamos que não podíamos brincar em serviço, era muita matéria para estudar e sabíamos também da importância delas.
No inverno Venceslau congelava, mas...estávamos lá firmes e determinados no "Ginásio Antonio Marinho de Carvalho Filho".
Bem, vocês podem estar pensando, o que tem a ver o ginásio com "O porquinho", matando a curiosidade, susurrando cá ao pé do ouvido, revelo: era o meu professor de Latim.

Advogado, compententíssimo, inteligente, curriculum invejável, mas... uma "casca de ferida brava". Todos os dias fazia chamada oral, abria o livro didático em qualquer página, descia o dedo na lista de chamada e ...o sorteado(a) que provavelmente estava debaixo da carteira, tinha que caminhar até a sua mesa e começar a declinar as "puella,ae" da vida. Era um horror.
Fizemos greve, o seu enterro, com caixão e tudo. A passeata, foi um barato, percorremos as principais ruas da cidade, com o aval dos comerciantes e de toda a população. Foi um sucesso.
Mas só teve um probleminha: o bendito continuou dando aula por muito e muito anos, e nós...e outras gerações assistindo.
Porém, tenho que confessar uma coisa, aprendí Latim, todas as declinações, os casos, as análises, o livro todo, ele sabia o que estava fazendo.
Obrigado, professor Daniel.




quarta-feira, 23 de maio de 2007

Lembranças III - (O preparatório)




Foi no preparatório J J (José e Joaquim) curso de base à admissão ao ginásio, que seu coraçãozinho bateu forte pela primeira vez. O motivo, um garotão, cor de jambo, olhos expressivos e alegres, que paquerava todas, mas nenhuma em especial.
Sentimento estranho experimentava, mistura de ansiedade, raiva, alegria, mas só tinha um nome ÁLVARO.
Assim na esperança de revê-lo, o dia se resumia naquelas duas horas diárias no preparatório. O ano terminou, a batalha estava ganha e o ginásio uma realidade.
A menina era agora uma moça.

Conto - Lembranças II ( As brincadeiras)








Os anos

passaram,




mais dois irmãos nasceram,daquela menina acostumada às bonecas, pouco lhe restara.
Agora dos galhos altos da mangueira, pulava para os da goiabeira, do quintal de sua avó ( um verdadeiro parque de diversões) com a mesma agilidade e sensação dos filmes de tarzã.
Era outra menina, mais segura, mais confiante, mas ainda muito meiga e alegre.
Suas primas , primos e irmãos , amigos inseparáveis gostavam muito de brincar de cirquinho, eram verdadeiros artistas, e todos unidos por laços fortes de sangue e amizade, tinham um só pensamento, ser feliz.
Os palitos de fósforos cobrados de ingressos, ficavam espalhados, ao término dos espetáculos. Divertiam-se a valer.
Ser professora era o seu grande sonho, seu projeto de vida, enquanto não o realizava, bastava imitar os gestos e manias de D. Vanda, sua mestre, com carinho. As cadeiras viradas, colocadas em fila, formando um corredor, e uma louzinha, feita por seu pai, formava a sonhada sala de aula. Seus irmãos foram seus primeiros alunos, e com ela alfabetizados, assim caminhando entre as cadeiras, a passos firmes, cabeça erguida, sentia-se a verdadeira D. Vanda.















Conto - Lembranças l





Por volta de 1952, Helena retornou à sua cidade natal, no interior de São Paulo, depois de morar 5 anos em uma pequena cidade do Estado do Rio de Janeiro. Contava na época 7 anos.
Os parentes, os costumes, o sotaque, tudo era diferente. Os primeiros dias foram difíceis, Helena era uma criança dócil, acostumada a brincar apenas com suas bonecas, seus brinquedos de menina. Vivia as voltas de sua mãe e de seus cinco irmãos. Era pequenina, olhos castanhos escuros, e os cabelos ondulados e negros moldurava sua face muita branca.
_ Papai, não esqueça a minha boneca e sua cestinha por favor. Recomendou ao pai que voltou ao Rio para arrumar a mudança.
Alguns dias passaram, a ansiedade de rever seus brinquedos não a deixava dormir.
A mudança chegou.
Helena vasculhou tudo a procura de sua cestinha tão recomendada. Era linda de vime, forrada de tecido, cheia de babadinhos e fitas, presente de sua tia Lourdes, uma tia muita querida.
_ Papai não pode trazer sua cestinha, filhinha, assim como outras coisas tivemos que doar, o embarque ferroviário ia ficar muito caro.
A primeira grande perda de sua pequenina existência.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

O Imortal



Fôra extremamente rebelde.
Dos anos polêmicos que viveu, presenteou o mundo, com doces melodias.
Irrequieto, quebrando tabus, conceitos e falsas moralidades, com seus amigos e músicos, nos encantaram , com um dos mais célebres e irreverente conjuntos musicais.
Fascinado pelo adverso, enclausurou-se em um quarto, para viver apenas de amôr.
Era inglês, mas sua vida, suas obras, seus descasos, seus anseios, sequer seguiram o tic-tac do Big-Ben. Excêntrico por excelência, cabelos longos, sua maneira diferente e peculiar de se vestir e óculos arrendondados lhe davam um aspecto intelectual e contestador. Viveu pouco.
Sua figura mágica iluminou o mundo com suas canções, John Lenon o IMORTAL

domingo, 13 de maio de 2007

Julia








Eu acabara de completar 48 anos, e você nasceu.
O que eu experimentava naquele momento, era uma mistura de sensações, de amor, de carinho, de esperança, e de medo.
Jamais soube definir o porquê do medo.
Aquela florzinha tão frágil, tão pequenina, era a continuação de nós, da nossa família, das nossas vidas.
Hoje faz 15 anos.
Você foi desabrochando, crescendo, descobrindo o mundo, caminhando de forma digna e correta, completa nos estudos, para nosso orgulho.
Minha neta, que a sua vida seja abençoada, repleta de felicidades, sucesso emocional e profissional é o que mais desejo, de coração.
Deus te abençoe
Vovó Nene

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Aos meus pais

















Meu pensamento desliza, caminha pela minha infância, e lá docilmente eu os vejo, conduzindo oito filhos com tanto carinho, com dedicação, com tanto amor.
Certamente não saberei com palavras, expressar os meus sentimentos. Suas ações, seus atos de bondade, de resignação, de tolerância, de vida, nortearam meus passos da infância à velhice.
 Ensinaram-me a ser verdadeira, a ser gente, com princípios e valores de honestidade, alheios às contradições nos exemplos da vida, em que a ética e a moral são banalizados e distorcidos.
Pai, lembro das caminhada, das viagens repletas de aventura, para chegarmos às praias, meu velho, fazia de seus um metro e poucos, gigante em nossos corações.
Mãe, anular-se em seus ideais, transferir seus anseios de pianista ao dedilhar doméstico, nos coloca em cheque, e humildemente só podemos dizer-lhe OBRIGADO
Talentosos desempenharam a bela e árdua missão de pais e amigos, não permitindo que as injustiças, reflexo do desamor, vírus nocivo da sociedade moderna, se instalasse em nossos corações.
Obrigado papai, obrigado mamãe, que Deus os abençoe onde quer que estejam.
Registro aqui o meu carinho, o meu amor.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

A viagem


Era 29 de dezembro de 1988, creio eu. Fomos para o Rio, Toninho, Vivinha com o Marcão, seu noivo, Rogério , Ricardo e eu. Até aí nada de mais, fazíamos sempre esta viagem desde que mudamos de lá em 1984.
Desta vez, entretanto, estavámos sem carro, tínhamos que viajar de Cometa querendo ou não, porque o monopólio da empresa em Campinas não deixava outra alternativa.
Foi um desafio, porque já saimos em um ônibus sucata, daqueles que colocam para abastecer a demanda. Que noite!!!. Bem, mas a coisa estava só começando. Chegamos todos, com caras, roupas e espíritos mais amassados que ... ( deixo livre para imaginar ) no Rio de Janeiro.
Com malas, bagagens de mão, e uma caixa lotada de manga ( frutas que colhemos em nossa própria casa) atravessamos a avenida que fica ao lado do terminal Novo Rio, para pegar o ônibus para o São Bento em Duque de Caxias. Aí que a coisa ficou preta, o ônibus chegou lotado e nós, jamais saberei como, entramos nele, ou entraram a gente nele, sei lá. O calor era escaldante,ficamos em pé e atônitos pela gritaria dos garotos que vendiam de tudo, das mulheres que gritavam com as crianças, estas que choravam para nosso desespero.
Chegamos. Como descer?? não sabíamos, nossas malas, nossas bagagens saiam pela janelas, e o Ricardo também. Eu com medo que desviassem as nossas malas (com nossas belas roupas de final de ano) gritava feito louca : _ Cadê as malas, cadê as malas . E a caixa de manga??!! ( um engradado de madeira, para ser sincera) , lá estava ela, flutuando nas mãos estendidas dos passageiros, e de de mão em mão, conseguiu ilesa chegar à porta, até um de nós descer do ônibus com ela.
Só de pensar neste dia fico cansada.
Contudo, chegamos à casa de minha mãe felizes e tudo foi esquecido um minuto depois.

O piano


Quando tinha 9 anos ( gente, isso faz é tempo) fui aprender piano, porque gostava, e porque minha mãe queria. Porem o piano era um instrumento caro, e então... fui aprender acordeon,
beleza, tambem adoreios, e aos 15 anos ganhei de presente um acordeon , instrumento que era o furor do momento.
Minhas tias, Candoca e Lourdes, irmãs de minha mãe, que me amavam muito, como se fosse sua própria filha, sempre tiveram vontade de me presentear com um piano, mas não tiveram
condições financeiras para isso.
Adulta, com filhos, netos,meu marido me deu um teclado, Santo Deus era quase um piano.Aprendí.
Passado algum tempo aposentei, fiquei a beira de uma ataque de nervos, quase depressiva, com a sensação de que o mundo girava e eu de fora apenas observava, tudo acontecendo, e eu doida para colocar o pé no estribo e entrar nele novamente.
Um dia, que amanheceu como qualquer outro, em uma conversa fiada com minha filha, falei sobre o grande sonho de ter um piano, ela na verdade já estava cansada de saber, mas....e aí ela me disse....!!!!!!!?????? Se é assim, eu compro para você.
Sabe aquele desenho animado que o bichinho corria pra caramba, pois bem, fiz o mesmo, não olhei para trás para que não tivesse a mínima possibilidade dela mudar de idéia.
Achei o piano, parece que estava me esperando, o único na loja coberto com um lençol. Quando
foi descoberto, não tive dúvida era ele. Maravilha, maravilha, a minha filha estava realizando um sonho de apenas 50 anos, exatos.
Penso que minhas tias lá de cima, deram uma mãozinha.
Passados 4 anos, hoje toco acordeon, teclado e piano

domingo, 6 de maio de 2007

O computador


Eu tenho um blog.
A Vivinha* me convenceu
Vou escrever, como fazia em um livro chamado diário. Entretando, lá nos idos tempos dos diários, tudo o que se escrevia segredo ou não, era trancado a sete chaves.
Agora o computador. Que salto eu dei, da pena ao teclado da tecnologia que mais distancia e aproxima as pessoas. Talvez até leiam, talvez comentem, é realmente sedutor.
Gosto dele, me fascina a forma como enebria as pessoas, entretanto procuro não me envolver demais com seus encantos, para que não seja aborvida por ele.
Ele(o computador) e eu, vamos tentar relatar fatos e sonhos de uma vida repleta de histórias.
E foi assim...........( continua no próximo capítulo )
*Vivinha - minha filha Vivien ( Casa da Mãe Joana )