domingo, 7 de setembro de 2008

Virar a página














As histórias da nossa vida, vão finalizando como se estivéssemos, viranda as páginas de um livro. A sensação é esta mesmo, de término de um ciclo. ALGUÉM, vira esta página por nós.

Na infância e juventude, lá pelas bandas de Venceslau, tive uma amiga muito querida e inseparável, que faleceu abruptamente, sem deixar recados.

Miriam era uma menina , cheia de saúde e vivacidade. Juntas, brincávamos de boneca, casinha, cirquinho, de subir nas árvores de sua casa, no quintal da minha avó, que era um verdadeiro paraíso, e de salvação com a garotada da rua.

Ainda criança, todos os anos, no dia do seu aniversário, de pé, plantada em frente ao portão da sua casa, não permitia a entrada de ninguem sem presentes. Uma atitude estranha, excêntrica condenável, se não fosse ela... a Miriam. Era até engraçado, e essa história foi contada e recontada por todos na cidade, para contrangimento dela, no auge de sua adolescência.

Fomos colegas, cúmplices, comparsas, companheiras, amigas de verdade. A sua partida para todo o sempre, me deixa muito triste e um vazio imenso. Mesmo que tenhamos sido separadas pela vida por um longo tempo, revela, o lugar permanente ocupado por ela no meu coração.

Virou-se uma página, mas a história vive nos meus pensamentos, como o desnenrolar de um filme.
Que Deus a abençõe e acompanhe, minha amiga
Adeus Miriam.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Nas mãos dos outros.












Por motivos de saúde fiquei fora do ar.
Aqui estou, para contar a minha estada, no Hospital dos Servidores em São Paulo.

A retirada de um pólipo no útero, segunda as médicas, era uma cirurgia simples. Confiei.
De touquinha, camisolão constrangedor, banho tomado, cheirosa, segui pelos corredores, sentada em uma cadeira de rodas, empurrada por uma funcionária.

Na sala cirúrgica, dois anestesistas e duas médicas, preparados, me aguardavam.

_ Se tudo correr bem, voce terá alta ainda hoje, por volta das 16 horas, disse uma delas.

Para eu cair no sono, apenas uma agulhada e um minuto, e ficar totalmente a mercê, daquelas pessoas que mal conhecia. Alí naquela mesa, estava entregue de corpo e alma.

Acordei... nem sei quanto tempo demorou. Ainda sob os efeitos da anestesia, e sendo levada ao quarto, tive conhecimento que só sairia no dia seguinte.

_Como assim??????ainda meio grogue, pensei. Então algo aconteceu de errado.

Atônita e completamente preocupada e irritada por não ter nenhuma explicação, solicitei a presença da médica.

_Não tiramos o pólipo, o seu útero foi perfurado, e achamos por bem ( seguido de uma palavra técnica) não tirá-lo agora, podemos marcar para novembro???? Falou a carniceira, sem nehum constrangimento aparente, ou preocupação com os meus sentimentos. Voce está querendo sair hoje, então... já está com alta, completou.

Oh my Gooood????? Não, eu não estava querendo sair, estava querendo explicações.

Mas...estava liberada. Com medo de uma hemorragia ou outras complicações maiores, e sem saber o que aquilo significava, resolvi não sair, fiquei no hospital.

Engano, a máfia era maior. Um por todos e todos por um, o lema da corja dos servidores. A médica praticara um erro, e o ataque, era a sua grande arma.

Os enfermeiros me trataram a partir daquele momento como se eu fosse um ET, ignorada até a manhã do dia seguinte, resolví jogar a toalha.

_ Estou com alta, qual o procedimento??? Falei para a enfermeira chefe.

Esta, depois de vasculhar uma pasta sobre o balcão, falou:

_ Não tem nada seu aqui!!!! Onde estão as orientações da médica.????? Voce está liberada desde ontem!!!! Porque não foi embora????

_ Orientações?????? Quais?????? Exatamente por isso eu fiquei, por medo de complicações e na espera de satisfações . A princípio se tudo corresse bem, eu sairia, depois não mais, em seguida fui liberada sem conhecimento nehum, sobre o que de fato ocorreu comigo. Sem permitir que eu continuasse, me interrompeu:

_Se a médica deu alta, ela sabe o que faz!!!???

Foi a deixa... naquele momento, contei até dez, cem, mil, a minha vontade era atracar naquele pescocinho, mas...olhei bem fundo nos olhos daquela pessoa, que havia feito uma escolha profissional, de salvar vidas, curar, e sem pestanejar falei:

_ Verdade?????Mesmo????? Ela sabe mesmo???? Sabe tanto... que me furou. Estou errada????

Silêncio total.

Não tinha mais nada a fazer alí, peguei minha malinha, dei a mão para o Toninho, e deixei aquela ala do hospital, sem olhar para trás.