segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A turma da história














Nessa foto falta o irmão caçula, mas naquela época era bebê, não entrou na história.

As lembranças da infância invadem nossas mentes de forma tão cristalina, que chega a nos dar a sensação de que acabou de acontecer.

Aguardávamos as férias, conforme já relatei em "A Batalha de Mamona" postada em 27/11/2007 , com uma ansiedade que doia. Tia Lourdes e José Carlos meu irmão mais velho, chegava em Venceslau para completar nossa felicidade.

Tia Lourdes com seu eterno auto astral, nos deixava eufóricos com os presentes que trazia do Rio e a abertura da mala era aguardada com entusiasmo. Meu irmão era um ídolo para nós, e um orgulho para meus pais, a sua chegada nos enchia de alegria e a certeza que teríamos um mes de brincadeiras, de contos... de cantos, de muito lazer e prazer.

Mamãe se esmerava na arrumação da casa, e papai fazia o melhor para não faltar nada na despensa.
A nossa história é sobre uma linda e apetitosa melancia.

E foi assim...

Papai comprou uma melancia, e deu a tarefa de cortá-la para nosso famoso visitante, o próprio, o irmão mais velho. Nossos olhares se cruzaram porque aquilo significava problema, não seria uma boa idéia, era sabido que ele iria aprontar. Estávamos certos.

De soslaio e rindo muito nos disse:
_ Estou cortando a melancia ao meio, estão veeendo??? Aprendam como estou fazendo.
Ocasião propícia para desenvolver seu lado professor e nos ensinar a metodologia de se cortar uma melancia.
Lançou um olhar, muito nosso conhecido, um olhar que nos dava a certeza que, seríamos enganados. Mas nada era possível fazer diante de um mestre tão perfeito.

Atentos, e em volta dele, aguardávamos a nossa dita parte.

Uma das metades foi divididas melimétricamente em partes iguais e distribuidas. Recebemos e saboreamos a fruta deliciosa.

_ Terminei, quero mais disse.
_ Ah...é?????? Vem pegar???????

Com um sorriso malandro, pegou a outra metade da melancia e saiu correndo. Corremos atrás dele, rindo e gritando, numa algazarra que fazíamos com categoria. Afinal eramos muitos.
Certos momentos parava, olhava, fingia que comia, para nos dar vontade, e corria novamente num gesto provocativo, instigante. Corríamos de um lado para o outro, tropeçava, caia, levantava e corria, até o cansaço dominar.

Depois dessa corrida e luta insana, jogamos a toalha, nossas perninhas não aguentavam mais.
Então, nosso protagonista sem pressa, bem devagarinho, e cheio de moral, foi dividindo melimetricamente em partes iguais a outra metade da melancia mais disputada da história.

Ação realizada por um amor fraterno intenso, com tempero de ternura.
Uma figura incrível, carismática, e muito amado, mil beijos para ele.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Panetone de cereja




A chuva passou. O sol brilhante surgiu convidativo.

Fui à padaria. Comprar pão de manhã é um sacrifício, detesto, mas... com um dia assim lindo, despontando às 9:00h, que parecia jogar e ganhar da chuva, arrisquei.
Entrei. Pedí um caseiro e dois comuns (francês).
Uma funcionária mecanicamente me serviu. Ao meu lado no balcão uma travessa de panetones para degustação. Adoro panetones, não resistí e comi um pedaço.
_Quanto custa esse panetone????
_É de cereja, respondeu a dita funcionária.
_Quanto custa??????
A mesma virando em direção de outra, falou:
_Maria, o preço do panetone de cereja????
_Sei informar não.
Maria virou e continuou seu trabalho.
Fiquei plantada esperando a resposta. Nada. Falei novamente.
_ Quanto custa o panetone de cereja?????
Abaixando no balcão a "mulé" pegou um chocotone e disse.
_Esse chocotone cuuuusta.......
Não esperei que terminasse, afinal eu não queria chocotone ora...bolas. Falei novamente:
_Quero saber o preço desse que experimentei??????
Abaixando novamente no balcão, pegou um outro e disse:
_ Esse normal cuustaaaa........
Olhei bem firme nos olhos dela, o meu olhar de indgnação foi significativo, rsrrsr,  pois a dita guardou o "mardito" panetone rapidinho. Saí logo, antes que meu lado Pinto Guedes surgisse das profundezas.
Fui embora aguada, com vontade de comer o PANETONE DE CEREJA.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um sonho

















Alimentar um sonho impossível, não é perfil de ariana que sou. Pendencias não é meu forte , gosto de realizações, mas a França era algo tão perto e tão longe que eu não saberia explicar,mas gostaria imensamente de conhecê-la.

Paris, para mim era um passado muito longínquo, sensibilidade aflorada, de um saudosismo como se lá estivera um dia, algo forte, sem entendimento prático.
Nessa vida, sentia a distância não apenas geográfica, mas a possibilidade de realização tão distante quanto.

O prazer ficava tão somente em cantar a "Marseillaise", as canções infantis, ver as fotos e TV, da Champs Elysees iluminada e magnífica nos finais de ano. Até que o Ricardo, meu filho, sabedor dessa antiga vontade, entrou em ação, e o sonho não só se tornou possível, como real.
Voarei entrelaçada entre sonho e realidade, no dia 22 de abril de 2010.
Tenho certeza que nós, ele e eu, faremos uma viagem maravilhosa, porque somos sintonizados nas beleza das artes, arquitetura, e transformamos nossos dias em diversão. Simbiose de amor.

Paris, me aguarde, abrirei meus bracinhos (curtos segundo a minha filha Vivien) em frente o
L´Arc du Triomphe na Champs Elysees e direi em voz alta: "Je suis ici".

Notem que o nome da minha filha é frances, não é por acaso, foi escolha mesmo.

Sei que hoje em dia viagens desse porte já faz parte do cotidiano do povo, mas para mim é muito mais do que isso é uma sensação de visitar e conhecer algo, já conhecido.

C´est la vie. Vive la France.

domingo, 8 de novembro de 2009

Aluna X Faculdade




Julgar sem conhecimento verdadeiro, apenas com fatos divulgados pela imprensa, é complicado, difícil e com possibilidades de falhas, muito grande.
Entretanto é o que eu tenho, e dessa forma vou opinar para mostrar minha indignação.

No meu entender (posso estar errada) houve uma carreiras de erros: da administração da Faculdade, dos alunos selvagens, e da própria menina.

Por trabalhar durante anos em administração escolar, fiquei inconformada com a atitude da Faculdade em expulsar a aluna. Atitude intransigente, decisão equivocada, autoritária, e provavelmente sem base legal.

A selvageria demonstrada pelos alunos moralizadores, em nada condiz com o Brasil moderno, atual, diverso. A mim me pareceu uma volta aos tempos, que atirem a primeira pedra.

Quanto à aluna, tenho minhas resalvas, não a coloco na condição de vítima, que para mim, não é.
Falo sobre comportamento, regras sociais, não apenas sobre o comprimento da saia da mesma.
Acho que foi infeliz, prejudicou uma instituição, provavelmente arranhou sua vida familiar.

Retrocesso que coloca à prova o futuro do país.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

22º andar - edifício "A Noite"













Sentada, comportada, ao lado da minha prima Vera Maria, esperava com ansiedade o famoso programa Cesar de Alencar. Estávamos alí para ver Emilinha Borba, a cantora idolatrada por ela.

Eu tinha uns oito anos, se não me engano, e para mim, tudo aquilo parecia encantado, diferente, irreal. Cesar de Alencar, figura interessante, magro, comprido, nem bonito nem feio, mas de uma competência de palco, que fazia juz à fama. Por anos ele comandou esse programa de auditório.
Emilinha e Marlene eram as grandes estrelas da Radio Nacional.

Quieta, sem entender o que eu fazia alí, olhava ao redor, com as mãos nos ouvidos. O barulho era ensurdecedor, aquelas bocas imensas, vermelhas e abertas, faziam uma arruaça que hoje se assemelham as infernais cornetas dos campos de futebol, mas tinha uma pitada de glamour que eu gostava.

Uma escadinha de 3 degraus, imensa na minha visão de criança, separava o palco do auditório, e eu não pensei duas vezes, instalei-me ali.

_ Com voceeeessss!!!!!!!!....... Emiliiiiiiinha Boooooorrba.
Ela era linda, uma deusa. Cantar????? bem...era querer demais, mas... o povo gostava. O auditório parecia que vinha abaixo, e nós estávamos no 22º andar.

Depois da apresentação, minha prima me deu uma foto da artista e falou, corre atrás dela.
Falou a palavra mágica, atravessei o palco, os corredores, um verdadeiro labirinto, mas achei a famosa em uma saleta. Charmosa, conversava com a cantora Nora Ney, e ao me ver plantada na porta me chamou, e ganhei um abraço e um beijo tão carinhoso que jamais esqueci.
Autografou a foto que guardo até hoje.

Passada a febre da era do rádio, Emilinha sem a coroa, sem o prestígio de outrora, tornou-se amiga de minha prima Vera Maria, amigas inseparáveis.

Foi a era de ouro da Radio Nacional.