Sentada, comportada, ao lado da minha prima Vera Maria, esperava com ansiedade o famoso programa Cesar de Alencar. Estávamos alí para ver Emilinha Borba, a cantora idolatrada por ela.
Eu tinha uns oito anos, se não me engano, e para mim, tudo aquilo parecia encantado, diferente, irreal. Cesar de Alencar, figura interessante, magro, comprido, nem bonito nem feio, mas de uma competência de palco, que fazia juz à fama. Por anos ele comandou esse programa de auditório.
Emilinha e Marlene eram as grandes estrelas da Radio Nacional.
Quieta, sem entender o que eu fazia alí, olhava ao redor, com as mãos nos ouvidos. O barulho era ensurdecedor, aquelas bocas imensas, vermelhas e abertas, faziam uma arruaça que hoje se assemelham as infernais cornetas dos campos de futebol, mas tinha uma pitada de glamour que eu gostava.
Uma escadinha de 3 degraus, imensa na minha visão de criança, separava o palco do auditório, e eu não pensei duas vezes, instalei-me ali.
_ Com voceeeessss!!!!!!!!....... Emiliiiiiiinha Boooooorrba.
Ela era linda, uma deusa. Cantar????? bem...era querer demais, mas... o povo gostava. O auditório parecia que vinha abaixo, e nós estávamos no 22º andar.
Depois da apresentação, minha prima me deu uma foto da artista e falou, corre atrás dela.
Falou a palavra mágica, atravessei o palco, os corredores, um verdadeiro labirinto, mas achei a famosa em uma saleta. Charmosa, conversava com a cantora Nora Ney, e ao me ver plantada na porta me chamou, e ganhei um abraço e um beijo tão carinhoso que jamais esqueci.
Autografou a foto que guardo até hoje.
Passada a febre da era do rádio, Emilinha sem a coroa, sem o prestígio de outrora, tornou-se amiga de minha prima Vera Maria, amigas inseparáveis.
Foi a era de ouro da Radio Nacional.
2 comentários:
Eu acho o máximo essa época do rádio.;0)
Vivinha
Época dourada, glamurosa, muito bonito.
Bjs
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