Embarcar no ouro verde até São Paulo, com destino ao Rio de Janeiro, nas férias de dezembro todos os anos, era uma aventura que até hoje, sinto o momento.
_ A mesinha é miiiinha.
_ A mesinha é miiiinha.
_ Não é não, desta vez é minha.
_A cama de cima vai ser só para mim.
_ Até parece...!!!!??????
_Vamos colher maria pretinha, para jogar na boca dos vendedores de uvas????
_Vaaaaamos!!!!!
Os dias que antecediam a viagem eram um tumulto só, mamãe ficava atordoada.
Os dias que antecediam a viagem eram um tumulto só, mamãe ficava atordoada.
Chegada a hora, na estação de Presidente Venceslau o Ouro Verde partia pontualmente, com destino à São Paulo. Em Presidente Prudente a baldeação para o vagão dormitório era o momento esperado com ansiedade, entrávamos em um parque de diversões.
Papai comprava duas cabines que tinham comunicação, e um leito separado em outra cabine, porque a quantidade de filhos exigia. Eram beliches com camas largas e confortáveis, mais à vontade, vestíamos os pijamas para não amassar as roupas. Tudo era fuçado, apertado, espionado, não ficava um botão sequer sem a devida fiscalização, de luz, de ventilação, para cima, para baixo, para os lados, nos detalhes. Era um vai e vem de perninhas subindo e descendo das camas, que só depois de tudo conferido, exaustos, o sono vencia ao som do patati...patatá...patati...patata.
Era uma festa ir ao vagão restaurante, e papai fazia questão de nos levar. Mamãe ficava com os menores, e os camareiros serviam as refeições na cabine.
As gracinhas do papai eram esperadas e divertidas, mas o medo era constante também. Ele descia em todas as estações e continuava na plataforma mesmo com o trem em movimento para nos impressionar. Todos ficávamos gitados até ele aparecer como se nada tivesse acontecido. Fazia sempre isso, era uma figura.
A apoteose, depois de uma viagem repleta de emoção, era a estação Júlio Prestes, deslumbrante, linda, majestosa. Lembro bem, eu ainda criança a admirava pela gigantesca arquitetura, imponente e bela, nada semelhante em Venceslau.
Ahhh!!!!!! Como era bom viajar no Ouro Verde.
7 comentários:
Tem dias que essas lembranças infantis me assaltam a alma e eu me pego sempre a cantar.
Uma saudade boa, né?
Beijo, querida.
P.S.: Vi no teu perfil que também és ariana. De que dia?
Lidiane,
Obrigado pela visita.
São lembranças saudáveis, que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo ao recordá-las.
Sou do dia 11 de abril, dizem que sou mandona, que chego organizando tudo onde quer que seja, porque será heim?????rsrsrsrsr....
Bjs
Eu adoro essa história...só de pensar em viajar com sete filhos,me dá aflição...rsrs
beijos.
Vivinha,
Sete...porque o oitavo já estava no Rio.
Era muito divertido.
Bjs
Como tua mãe, minha sogra, com 10 filhos, era um santa! Mas como é bom termos lembranças da infância, né, Maria Helena?
Bom fim de semana!
Bjim.
Rosamaria,
Ela era a santa mais organizada e caprichosa que já conhecí. Não sei como conseguia cuidar dos filhos com tanto mimos.
As lembranças da infância e adolescência tem um sabor especial
Bom final de domingo.
Bjs
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