segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A gripe asiática e a vovó


















Sou do tempo da gripe asiática, talvez 12 ou 13 anos,  menos, nem sei ao certo.
Foi uma pandemia, que assustou a população, e causou muitas mortes no mundo inteiro.

Dois grandes motivos foram suficientes para eu querer pegar a gripe.

O primeiro, não ir à escola, creio que no ginásio na época. Fase boa, ficar de pernas para o ar, sem precisar fazer nada, hahahahh...rsrrsrs

O segundo, ahh... esse sim inesquecível, a sopinha da vovó Lora, e os paparicos dela.

Quando éramos crianças, e ficávamos doentes, a vovó fazia uma sopinha de farinha de milho, que até hoje sinto o cheiro, o sabor, néctar dos deuses. A carne era cortada em cubinhos, do tamanho de dadinhos, farinha de milho só para dar uma engrossadinha, temperada com muito amor, e servida em cuinha. Ao fechar os olhos eu a vejo trazendo a iguaria, dizendo: _ Tome um cardinho, pra quentá, fia.
Gosto até hoje de tomar sopa em cuinha.

Quando tive caxumba, lá veio ela rezar, e fazer várias cruzes com uma colher de pau, com cinza quente, no local inflamado, segundo ela, para cortar a caxumba. Fazia com tanta dedicação, que nada doia, e era gostoso tanta dedicação e carinho. A sopa???? Vinha como premio.

Que saudades da minha avó, que Deus a proteja onde quer que esteja.


9 comentários:

Rosamaria disse...

Oi, Maria Helena, saudade de ti! Desculpa eu ficar tanto tempo sem vir aqui, mas viajei, fiquei sem internet e há 3 semanas estava com as netas em casa e sabes como é, a gente fica paparicando e elas donas do note. Postava ou deixava programado, mas não dava pra fazer visitas.

Eu também sou do tempo da gripe asiática. Lembro de todos da casa estarem acamados e o que se sentia melhor levantava pra fazer a sopa e café para os outros.
E minha avó era especial também, aprendi muito com ela.
Bjim.

Adriana disse...

Relato emocionante, so conheci uma avo , a mãe da minha mãe, era a mulher mais sabia que conheci. Sinto muitissimas saudades. Beijinhos carinhosos carregados de energias positivas do outro lado do oceano

Maria Helena disse...

Rosamaria
Os motivos do afastamento, são mais dos que justificáveis, valorizar os bons momentos familiares, é a grande sacada da vida.
Bjs

Maria Helena disse...

Adriana
Estava com saudades.
Eu tb só conhecí uma avó, a mãe do meu pai. Era maravilhosa, lia diáriamente os jornais, até ficar completamente cega. Tinha uma sabedoria própria, e era mestre nas receitas domésticas.
Bjs

jayme disse...

Foi exatamente na casa da minha avó que passei meus dias de caxumba, além da catapora. Acho que é por isso que muitas vezes a gente tem uma memória até boa de coisas como a catapora e a cachumba.

Maria Helena disse...

Jayme
Lembranças especiais da avó.
Bjs

Teste disse...

Maria Helena, me desculpe invadir o seu blog, mas estou iniciando uma pesquisa sobre o impacto causado pela gripe asiática no Brasil, e estou em busca de relatos e depoimentos de pessoas que vivenciaram a pandemia de 1957. Se você puder me dar um depoimento de sua experiencia em relação a este episodio, eu ficaria muito agradecida, deixarei aqui o meu email secundário, para que possa me contatar caso tenha interesse em oferecer seu depoimento.

limusque@bol.com.br

Atenciosamente,
Marina Souza.

Nadja disse...

Maria Helena,

Lendo o que escreveu sobre sua vozinha, me veio à mente o modo singelo que os 'antigos' cuidavam dos seus doentes.

É compreensível que a Medicina não encontrava-se no patamar de agora, mas os cuidados amorosos dispensados pelos nossos familiares eram de deixar qualquer um curado, não é verdade?

Tanto é que as crianças adoravam ficar doentinhas...rs
Sopinhas, mingauzinhos, fricções, estórias antes de dormir, tudo era dedicado a elas sem medir esforços.

Hoje tudo é bem diferente...

Qualquer dorzinha ou mal estar, basta uma ligação ao médico ou uma corridinha até à farmácia mais próxima.

Sopinhas e remedinhos?

Ficam tudo por conta da 'Maria', a diarista ou quem sabe da própria criança...


Bjksss

Maria Helena disse...

Nadja
Velhos e bons tempos.
A minha avó era especial, e nós tínhamos um respeito muito grande pelos mais velhos.
Bjs